02 maio 2009

COMERCIAL VS UNDERGROUND



COMERCIAL VS UNDERGROUND

"Como é mais que evidente para todos, Underground e Comercial são dois dos conceitos mais badalados e discutidos na comunidade Hip Hop. Hoje resolvi deixar aqui a minha perspectiva em relação a estas duas “palavronas”, que por vezes parecem atingir enorme amplitude filosófica, e por isso suscitam frequentes polémicas e controvérsias.

Facilmente consigo dividir o conceito de Underground em dois sub-conceitos. O Estado Underground e a Filosofia Underground.

O Estado Underground, tem naturalmente a ver com uma situação de pouca visibilidade, de pouca exposição. Todo o artista com pouca ou nenhuma promoção nos meios de comunicação social, e que por isso é desconhecido do grande público está numa condição de artista underground. Ele pode até fazer a música mais radiofónica que existe, mas sem promoção ele fica underground.

A Filosofia Underground tem a ver com uma cultura de oposição que se desenvolveu em relação ao mainstream. Todos sabemos que o mainstream regulado pela a indústria musical, o mercado e o lucro, força muitas vezes os seus artistas a fazer músicas que não gostam e a ter comportamentos de conveniência para que possam alcançar ou ultrapassar a estimativa de vendas estabelecida pelos executivos engravatados das editoras. É o lucro em primeiro a arte em segundo. A Filosofia Underground representa a antítese dessa conduta. Os músicos seguidores desta filosofia, nunca abdicam de fazer a música que querem e sentem, por mais que sejam aliciados com dinheiro e fama. Filosofia Underground - A arte em primeiro o lucro em segundo.

Comercial

Comercial é toda a música feita com um primeiro intuito de vender, e que relega para segundo plano a qualidade e originalidade da mesma.

Atenção – A música comercial não tem uma característica comum. Muitas vezes chama-se de comercial a qualquer balada ou música festeira. Essa apreciação é completamente errada, porque todas as correntes musicais são legítimas e porque o autor da música pode realmente gostar daquilo que faz.

Não há mal nenhum em fazer-se uma música romântica ou festiva desde que se sinta o que se está a fazer.

Esse tipo de conotação surge porque muitas rádios e alguns canais de TV especializados em música, decidiram imperativamente que só põem em rotação (massiva e torturante) músicas de amor e músicas de festa com aquele refrãozinho para colar no ouvido. Resolveram então marginalizar todas as outras músicas que não se enquadrem nesses parâmetros. É desta forma arrogante e conservadora que as rádios e as MTV's decidem aquilo que o público em geral deve ouvir. A maioria das pessoas não ouve o que quer, ouve o que lhes dão.

Muitos músicos alinham devotamente nesta ditadura musical, e entram nesse espírito de periodicamente (sempre que lançam álbuns) “oferecer” singles à rádio, como se a rádio fosse aquela miúda singela e virgem lá da zona, que todos anseiam conquistar.

É daqui que vêm os comerciais. Os comerciais são os lambe-cus das rádios e das MTV's. Existem mesmo editoras que não dão o álbum como pronto, até o artista ter sons que possam passar na rádio. Ou seja, existem por aí muitos autores de música festeira que nem gostam de dançar, assim como muitos músicos românticos de coração duro e gélido.